Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
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Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa.
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos.
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Fiz de mim o que não soube,
e o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido
(...)
Fernando Pessoa
(Álvaro Campos - 3ª fase da poesia)
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